sábado, 30 de abril de 2011

Muitas pessoas trabalham toda uma vida em uma profissão ou em várias profissões sempre levadas muito mais pelas circunstâncias do que por escolhas conscientes. Começam a trabalhar com outra pessoa ou em uma empresa onde conseguem o primeiro trabalho e assim vão exercendo a profissão que lhes é oferecida ou aquela em que encontram trabalho. Nunca se importam em escolher uma profissão para a qual julguem ter mais habilidade e que, portanto, lhes proporcione maior produtividade e maiores ganhos. E quando se exerce uma profissão assim, normalmente, a qualidade de vida da pessoa melhora muito. É melhor durante o tempo em que a pessoa exerce a atividade e também durante o tempo em que não está trabalhando.

Para quem resolve escolher uma profissão – e isso pode acontecer em qualquer época da vida, muito embora o ideal é que ocorra no início da vida profissional - qual é o melhor caminho a ser seguido? Muitas pessoas me fazem perguntas relacionadas a esse tema. As principais podem ser resumidas na idéia central que é: qual a melhor profissão para ser escolhida atualmente, considerando principalmente as grandes mudanças que ocorrem no mundo do trabalho em nossos dias e, considerando ainda, a alta demanda por trabalhadores que existe atualmente?

Com muito cuidado, respondo a questão. A primeira observação que sempre faço é que não se pode levar em consideração somente as profissões que atualmente demandam muitos profissionais. Como a economia tem um comportamento cíclico, hora está em fase de crescimento econômico, hora está estagnada e, em algumas épocas, entra em recessão, a demanda por trabalho tem um comportamento cíclico também. Portanto, profissões que em momento de alto crescimento econômico demandam muitos profissionais, em momentos de recessão podem ter sua demanda totalmente preenchidas pelos profissionais já existentes.

A segunda observação que faço é que não somente as possibilidades de ganho devem ser levadas em consideração. É evidente que o dinheiro funciona como um poderoso calmante. Tenho dito que o principal e melhor calmante fabricado no Brasil é produzido pela Casa da Moeda do Brasil e não por nenhum laboratório farmacêutico. Mas não somente o dinheiro é suficiente para trazer satisfação e realização pessoal. É importante, porém, não deve ser colocado em primeiro lugar.

A terceira observação que faço é mais de caráter pessoal e procura fazer a pessoa refletir um pouco mais sobre si mesma. Penso que investir um pouco de tempo pensando primeiro, para depois decidir, pode ser decisivo para uma boa escolha.

A metodologia que uso é sempre a que segue um roteiro que passa pela análise dos seguintes itens: necessidade, vontade, comprometimento, habilidade, conhecimento e experiência.

Um profissional bem sucedido é aquele que, primeiro de tudo, tem a necessidade de exercer uma atividade e tem a consciência disso. Pode ser que a necessidade não seja somente de ganhar dinheiro para o atendimento de suas necessidades básicas de sobrevivência. Por exemplo: uma pessoa cujos pais detenham uma importante quantidade de posses e que já esteja chegando ao final de suas vidas. Alguém terá que cuidar dessas posses. Talvez a necessidade de um dos herdeiros seja de aprender a administrar essas posses. Portanto, a identificação da necessidade e a tomada de consciência, é o primeiro passo a ser observado. Muitas pessoas dizem, ao se referir a outrem: “É lógico que ele tem necessidade de trabalhar”. E eu me sinto à vontade para devolver a pergunta: “Mas essa pessoa a qual você se refere, tem efetivamente a consciência dessa necessidade?” Como se diz na gíria: “A ficha dele já caiu”? Se a ficha ainda não caiu, primeiro é necessário tomar consciência de suas necessidades. É o primeiro passo a ser seguido na dura tarefa de escolher uma profissão. Quando se toma consciência da necessidade normalmente se consegue medir as possibilidades. Geralmente as possibilidades estão diretamente ligadas às necessidades, porém em razão inversamente proporcional. Quando as necessidades são grandes, normalmente as possibilidades são pequenas.

O segundo item a ser considerado é a vontade. De nada adianta ter a consciência da necessidade e a exata medida das possibilidades, se não existir vontade. É ela que nos faz efetivamente caminhar e atingir todos os nossos objetivos. Pessoas fracas de vontade têm sempre muitas dificuldades para crescer profissionalmente. Aquelas pessoas que desistem facilmente de seus objetivos dificilmente lograrão sucesso tanto na vida pessoal quanto profissional. E a vontade é uma virtude que pode ser alimentada, cuidada, cultivada. Em muitos momentos, todos nós temos vontade de desistir, diante das dificuldades. É ela, ao lado do comprometimento, que nos faz continuar nossa caminhada.

O outro item a ser considerado é o comprometimento. É ele que faz a potencialização da vontade. Pouco adianta ter a necessidade e a consciência da mesma, ter vontade e não ter capacidade de se comprometer com algo e ir até o fim, sem desistir.

O outro item importante é a habilidade. Quando uma pessoa me pede ajuda para escolher uma profissão, vou seguindo esse roteiro. Quando chega nesse momento, aí peço a ela a maior atenção. Peço que não me responda imediatamente. Mas, sim, que pense com calma. Procure saber, dentre todas as profissões que pretende escolher, em qual delas as tarefas lhe são, inicialmente, fáceis de serem executadas ou aprendidas. Uma técnica para isso é olhar alguém fazendo a tarefa.

Normalmente, quando vemos uma pessoa desempenhando uma tarefa nos interessamos ou não pela mesma. E quando nos interessamos normalmente temos três sentimentos: o de apreço e curiosidade, o de indiferença e o de rejeição plena. Por exemplo: vamos a um laboratório coletar sangue para fazer um exame. Quando observamos os funcionários coletando sangue, muitas vezes temos verdadeiro pavor. Só de olhar o sangue, já nos sentimos mal. Será que, nesse caso, temos habilidade e jeito para trabalhar na área da saúde?  A habilidade é que possibilitará um aprendizado mais rápido e, consequentemente, uma maior produtividade quando estivermos trabalhando. Mais facilidade para aprender e executar a tarefa, maior produtividade e, consequentemente, maiores ganhos, tendem a nos trazer mais satisfação pessoal e profissional.

Uma vez satisfeitas todas essas condições e todos esses itens observados, vêm uma parte fundamental. Se eu tenho a necessidade e a consciência da mesma, tenho vontade e capacidade de me comprometer com o que decidi fazer e descubro que tenho habilidade para aprender e desempenhar a tarefa, o passo seguinte é escolher qual o conhecimento que preciso e onde buscá-lo. O ideal é que as pessoas, principalmente quando ainda são jovens e tem o apoio financeiro dos pais, procurem buscar o conhecimento mais dirigido possível para aquelas tarefas que elas têm mais habilidade.

Seguidos todos esses passos, o próximo é ter paciência para aguardar a experiência chegar. Ela vem com a maturidade pessoal e o tempo necessário para dominar completamente a função e suas tarefas. Dificilmente encontramos um profissional bem sucedido, com exceção dos esportistas, antes dos 35 ou 40 anos de vida. Aqui reside uma das mais importantes etapas da nossa vida profissional. Uma carreira profissional bem sucedida, independente de qual seja a escolha, ocorre com a junção de todos esses itens aqui comentados e da paciência para esperar que o tempo vá se encarregando de ajudar na construção de um patrimônio pessoal e profissional que resulta de escolhas bem feitas.

Autor: Alfredo Fonceca Peris
Economista e sócio-diretor da Peris Consultoria Empresarial

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