O comportamento do desemprego tem intrigado analistas nos últimos meses. Apesar da clara desaceleração da economia, a taxa de desemprego continua declinando mês a mês. Por que será que isso está acontecendo? Esse fenômeno decorre de vários motivos. O primeiro é a queda no ritmo do crescimento da população. A taxa de expansão da população adulta declinou de cerca de 3% ao ano, na década de 1980, para os atuais 2% ao ano. E vai declinar ainda mais. Quanto aos jovens, a sua taxa de crescimento passou de 2%, no início da década de 1980, para taxas negativas entre 2007 e 2015. Ou seja, nos últimos anos o número absoluto de jovens caiu pela primeira vez em nossa história. A principal razão para essa desaceleração é a queda observada nas taxas de fecundidade. O número de filhos por mulher declinou abruptamente de 6, em 1960, para 3, em 1990, devido ao processo de aumento de escolaridade, migração do campo para as cidades e acesso à informação --inclusive à TV. Isso provocou um dos mais rápidos processos de transição demográfica dos quais temos notícia e que terá efeitos na nossa sociedade por um longo período ainda. A diminuição do número de jovens, em particular, impacta a taxa de desemprego de várias maneiras. Em primeiro lugar, porque 44% dos desempregados no Brasil são jovens. Em 2013, dos cerca de 6,7 milhões de desempregados no país, 3 milhões tinham menos de 25 anos de idade.
Fonte: Folha - 05/01/2015
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